sábado, 23 de fevereiro de 2013


A experiência de ser analisante...

Em 16/09/10 fui a minha primeira entrevista em Psicanálise Lacaniana, lembro qual era a minha queixa e comecei falando sobre isso, mas não me recordo o que mais foi dito ao longo daquela sessão só sei que foram inúmeras questões levantadas, porém a sensação que tive ao sair de lá foi inesquecível, eu precisava sentar, o chão não existia mais... tamanha a "bagunça" instaurada em mim... Não deu pra não ir adiante... duas vezes por semana, se pudesse iria umas cinco, em algumas pouquíssimas não quis ir... 


Às vezes saio de lá satisfeita, outras com raiva, algumas incomodada, quase sempre desnorteada, sempre pensativa e angustiada, o que eu acho ótimo, sinal de que o "negócio" está funcionando e vai bem... 

A Psicanálise mudou a minha vida, não de uma maneira romântica, mas efetivamente. Fui atravessada por ela e simplesmente não é possível viver de outro modo e às vezes isso me assusta... 

Mesmo sendo psicóloga, eu abominava a ideia de uma psicanálise... no mínimo duas vezes na semana, por um longo período, o preço alto, fora a arrogância de alguns psicanalistas... Mas fui fisgada, não se trata somente de um querer, tem desejo em jogo, e que desejo... Essa "coisa" trouxe um sentido novo para tudo que eu já experimentei na vida, ela me salva de mim mesma... 

É apaixonante, intrigante, entusiasmante, perturbador, cansativo, doloroso e caro! Tem que ser caro, nunca pensei que fosse pagar com tanta satisfação por algo, apesar de que uma verdadeira análise é impagável. 

E não bastou estar sendo psicanalisada, já era psicóloga e não seria mais possível continuar o meu trabalho se não fosse pela via psicanalítica. O lugar do psicanalista é um lugar tão intrigante, perturbador e entusiasmante quanto o de analisante, mas é OUTRO lugar. 

Vejo o processo psicanalítico como uma colcha bem grande que precisa ser costurada, descosturada e re-costurada. Começamos por entender algumas coisas, tomando ciência de atitudes, comportamentos, pensamentos, do modo de ser. Em seguida passamos a questionar e isso quer dizer “entrar” na cena, o que há de nosso em tudo o que vivemos, o que escolhemos ou não pra nós e aí então podemos reinventar, se tornar singular, se responsabilizar pela vida que escolhemos viver... Não é fácil. E como poderia ser? A angústia é sempre presente. Mas penso que torna a vida mais leve, mais autêntica. 

Bem, ainda não cheguei lá e acho que nunca chegarei de fato. A gente vai buscando em meio às faltas, vejo um longo e brilhante caminho pela frente que desejo trilhar passo a passo... 

Ah, tem um detalhe importantíssimo! O analista. Porque tem muitos que seriam melhores sendo médicos, advogados, cozinheiros, professores, artistas... Ser psicanalista não pra qualquer um, aliás, acredito que é pra bem poucos. Tive o prazer de acertar de primeira. O lugar do meu analista é ocupado por alguém brilhante, que traduz o que está nos ensinamentos de Freud e Lacan para a prática de um modo único e muito eficaz...

Psicanálise, eu recomendo... Mas somente para aqueles que estão a fim de arregaçar as mangas e cair dentro do trabalho, que é duro. 

Juliana Leal

 

3 comentários:

  1. Amiga, parabéns pelo post! Tá excelente! Fiquei com mais vontade ainda de ser analisante!;) Vc escreve "maramente!" rs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada, gata! Em breve falaremos de analisante para analisante...rs
      bjs

      Excluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir